terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Neutra



A acidez de suas palavras não me ferem
Tudo o que importa é que eu posso neutralizar tudo
Não depende de você
Depende de mim
E eu escolhi ser alcalina
Vou ser um mar de cal
Enquanto voce ferve sulfuroso
Independente do quão fores ácido
Eu serei ainda mais base
Onde certamente a única reação entre nós só formará sal e água
Sal para você por nas minhas feridas
E água para lavá-las quando se arrepender


Joyce Marins

Sensitiva


Se eu pudesse uma vez mais retornar àquele dia...
Jamais sairia de teus braços.
Diga-me como apagar da memória o aperto do teu abraço! 
E a conexão de nossos corpos!
E teus sussurros aos meus ouvidos!
Eu podia sentir a nossa energia transladar de um lado para o outro. 
Nossos corpos num enlace sem fim.
Num encontro intenso.
Só eu que senti? 
Como?
Era algo tão palpável, tão nítido, tão vivo
que por um instante eu pensei que eu era tua.
E que tu eras meu.
Mas não nos pertencíamos.
Apenas brevemente nos sentimos.
Nos alimentamos de algo novo.
Algo desconhecido.
Algo que não pôde ser esquecido por mim...


Joyce Marins

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Vazia



A cama vazia é um lembrete amargo
E os lençóis intactos exalam as lembranças
A madeira que outrora assobiava 
Hoje soa muda 
Carente de corpos e trepidações
E o que foi abrigo de dois corações
Assume agora refúgio de um solitário
Que repousa na ilusão de encontrar conforto
Mas adormece apenas para afugentar o rio de memórias fluido que transcorre vívido e veloz
A esperança traiçoeira é a vigia da noite 
Segura de que o amanhã trará sossego
E de que a cama já não estará vazia


Joyce Marins