quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Gavetas


Embrulhei e as pus em meio as gavetas
Separei com cuidado, recolhi as gorjetas
Sentei no único degrau das escada
Cochilei, e sonhei com a tarde passada

Levantei, sorri e cantei sozinha
Calei, e catei a esperança com uma pequena pazinha
Podei as ervas daninhas
E joguei-as nas gavetinhas

Colhi meus frutos em forma de espiral
Rezei, e observei uma longa catedral
Olhei os pássaros na varanda, e sentei
Sequei as lágrimas, meus olhos fechei

Deitei no chão vazio e encerado
Caiu eu e minhas gavetas lado a lado
Perdi as forças para levantar e permaneci ao chão
Procurei minha humanidade, mas haviam gavetas no lugar de um coração

Joyce Marins





Um comentário:

Mussa J. disse...

Gavetas, gavetinhas...rs é lindo, concerteza esse é o poema que eu mais gosto de Joyce! Parabéns menina!